29 março, 2007

Boa Páscoa




Caros visitantes deste Blog, aproveitamos para desejar a todos uma Boa Páscoa. Comam muitas amêndoas... E Divirtam-se! Boa Páscoa a todos mas em especial aos Alunos e Docentes da nossa Licenciatura.

Animação: conceitos diferentes e iguais...


Vários autores dão-nos diferentes definições do conceito de Animação Sociocultural, das quais optamos por destacar as seguintes:

Um conjunto de técnicas sociais que, baseadas numa pedagogia participativa, tem por finalidade promover práticas e actividades voluntárias que com a participação activa das pessoas desenvolvem-se no seio de um grupo ou numa determinada comunidade, e manifestam-se nos diferentes âmbitos das actividades socioculturais que procuram o desenvolvimento da qualidade de vida”.
(Ander-Egg Ezequiel, 2000: 100)

A animação sociocultural é um conjunto de práticas sociais que têm como finalidade estimular a iniciativa e a participação das comunidades no processo de seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sociopolítica em que estão integradas.”
(UNESCO, in Ander-Egg Ezequiel, 2000:107)

“ (…) A animação sociocultural é um elemento técnico que permite ajudar os indivíduos a tomar consciência de seus problemas e necessidades, e a entrar em comunicação a fim de resolver colectivamente esses problemas… A animação implica-se em todos os domínios da actividade humana, em todos os problemas da vida em grupo, da vida de bairro, da vida urbana ou rural, formam-se animadores a fim de ajudar a tomada de consciência em todos os âmbitos das actividades”.
(P. Waisgerberf in Ander-Egg Ezequiel, 2000:109)

Nota: Estas definições são traduções (realizadas por nós) do texto:
Ander-Egg, Ezequiel (2000). Metodologia y Práctica de la Animacion Sociocultural. Madrid: Editorial CCS.

Para nós a Animação Sociocultural é: Uma prática social que visa ajudar a população com quem estamos a trabalhar a desenvolver-se a vários níveis pessoais e/ou profissionais. Esta prática não se processa meramente pela transmissão, mas opera-se de forma muito diferente recorrendo a modos de actuação muitas vezes ligados à arte e à cultura, e não só. Esta permite às pessoas encontrar soluções e novas formas de encarar os seus problemas, conduzindo-as assim a uma vida melhor, a um encontro com o seu EU que muitas vezes se encontra ofuscado pelos problemas de uma vida no mundo moderno.


Animação num Tempo sem Tempo...


Tempo livre sem liberdade,
Horizonte sem realidade,
Caminhos que se cruzam sem se cruzar,
Olhares que se afastam sem se tocar...
Mundos...
Marcas num tempo sem tempo,
Sorrisos num rosto sem rostos,
Vida num mundo sem vida...
Alienação...
Alienígenas...
Estranhos seres que não sabem o que fazer...
Talvez crescer seja a solução...
Fazer deste pensamento vão,
A porta de uma estrada a percorrer.
Transformar estes seres alienados,
Em seres completados,
Fazer o homem pensar,
Fazer as marcas do tempo mudar...
Animação...
Projectos num futuro sem tempo,
Marcas,
Passos, passinhos ou estagnação,
Momentos,
Vitórias,
Derrotas,
Lutas sempre travadas,
Projectos,
Vidas transformadas...
É isto a animação,
uma luta de estradas perdidas e encontradas...

Sentir a animação...


São muitos aqueles que vêem os animadores como palhaços de nariz vermelho, e que ainda por cima tem que fazer uma Licenciatura para fazer tais figuras. Mas para essas pessoas julgamos que há muito a dizer, muitos equívocos que tem que ser desfeitos perante uma sociedade que descrimina e ridiculariza algo que muitas vezes desconhece quase por completo. A animação é muito mais que isso, é um processo de construção do ser humano enquanto pessoa, e muitas vezes do nosso próprio Eu. Mais que uma mera cara pintada ou uma roupa engraçada, a animação Socioeducativa é Educar, é fazer o outro crescer e mostrar o seu Eu. Não é um “palhaço” que anima os tristes, é alguém sempre pronto a desenvolver projectos que ajudem o outro, sejam eles com crianças, idosos, desempregados, a desocultar muitas das suas capacidades, transmitindo muitos valores essenciais à condição humana, sejam eles de respeito pelos outros e pelas suas culturas, pelo meio ambiente, etc. Os valores estão lá, mas em vez de serem transmitidos numa palestra são veiculados de uma forma completamente nova, criativa e acima de tudo com arte, pois mais que “palhaço de nariz vermelho”, o animador é artista que sente o mundo e a vida de uma forma diferente, sempre na ânsia de ajudar alguém a crescer e aprender mais...

Educação Informal vs Educação Não-Formal




Antes de mais, pensamos que importa referir que vários autores nos dão definições de educação formal e não-formal, optamos por estas, pois pensamos que são as que melhor definem estes conceitos e também porque são as mais claras e objectivas. Assim, segundo Palhares (in XIV Colóquio Afirse, para um balanço da investigação em Educação de “1960 a 2005”, Lisboa. Fev. 2006) a Educação Formal é um “sistema educacional altamente institucionalizado, cronologicamente graduado e hierarquicamente estruturado” que acontece normalmente desde que se entra na escola primária até ao final da universidade. A Educação não-formal corresponde a todas as actividades organizadas, constantes e educativas que ocorrem fora do limite do sistema oficial (fora da escola ou de outra instituição educativa), e que permitem facilitar determinadas classes de aprendizagem quer a adultos quer a crianças.
Também Paulo Freire nos dá uma definição destes conceitos e nós optamos por mostrar algumas das principais diferenças entre eles, sendo estas:

Educação Formal:

Escolas e universidades;
Centralizada num currículo;
Mais burocrática;
Tempo limitado;
Espaço demarcado;
Tem certificado de aprendizagem.

Educação não-formal:

Múltiplos espaços;
Não há um currículo definido;
Menos burocrática e mais difusa;
Tempo flexível;
Espaço flexível;
Pode ou não ter certificado de aprendizagem.


Assim, não se pode dizer que a educação se restringe à escola, esta é muito mais que isso, nem só na escola nós aprendemos. A escola é um importante factor de aprendizagem, mas também se aprende em contextos que nada têm a ver com esta, existem contextos não formais que nos ensinam muitas coisas que a escola não ensina. Na escola aprendemos conteúdos, fora dela aprendemos a viver!



Bibliografia: PALHARES, José Augusto (Fev. 2006). XIV Colóquio Afirse, para um balanço da investigação em Educação de “1960 a 2005”, Lisboa.

22 março, 2007


Depois de duas postagens sobre o mesmo texto, o que ainda poderemos dizer? Podemos referir que a animação sociocultural se preocupa em:

  • combater a passividade e a homogeneidade produzidas pelas indústrias culturais;

  • organizar as actividades educativas e culturais, de modo a abranger um número elevado de participantes.

É ainda de realçar o facto de que, desde do seu nascimento, a animação sociocultural tem mostrado várias das suas dimensões, tanto de intervenção sócio-pedagógica, como uma promoção cultural ou mesmo uma acção social, procurando que as pessoas sejam agentes activos na sua própria formação.
De acordo com Ezequiel Ander-Egg “Se ha dicho que la animación sociocultural y la educación permanente son «dos caras de una misma moneda»”, pois a animação sociocultural procura superar e vencer as atitudes de apatia em relação ao esforço por “aprender ao longo da vida”, que é uma substância da educação permanente. Assim, e concordando com outro autor, Edgard Fauré, o importante não é apenas a aquisição de conhecimentos definitivos, mas, principalmente, a elaboração ao longo da vida de um saber em constante evolução e de “aprender a ser”.
Para finalizar é relevante mencionar que, como já sabemos, alguns não têm acesso aos produtos e bens culturais e outros têm a possibilidade de aceder a todos esses produtos e bens. Por este motivo, a acção cultural, especialmente através dos programas da animação, procura que a cultura seja acedida por todos, contribuindo, assim, para uma igualdade de oportunidades.
Ficamos, assim, com a última caminhada sobre o texto “Metodología y Práctica de la Animación Sociocultural”, esperamos que tenham gostado e até à próxima!

Bibliografia consultada:
Ander-Egg, Ezequiel (2000). Metodologia y Práctica de la Animacion Sociocultural. Madrid: Editorial CCS.



Tempo Livre e Animação Sóciocultural


Para que a animação sociocultural se torne uma proposta válida, é necessário que, quem decidir optar por esta forma de intervenção, esteja atento às mudanças que se vão produzindo nas sociedades. Por exemplo, um dos grandes problemas actuais é a “dualidade do mundo do trabalho”: há os que trabalham e os que não trabalham. Aqui a animação cultural poderia actuar, mas com um senão: as pessoas não dispõem de tempo livre propriamente dito, mas sim de tempo em que não trabalham. Também o aumento da produtividade, por um lado proporciona o desenvolvimento de programas culturais pois as pessoas não têm de trabalhar tanto, mas por outro lado esta dispensou mão-de-obra o que origina mais desemprego, as pessoas sentem-se inúteis e não aderem tanto a programas de animação cultural. A animação cultural pode ser uma perspectiva interessante pois pode dinamizar programas óptimos para estas pessoas que têm mais tempo livre do que gostariam. Também em grandes cidades esta pode revelar-se uma boa opção. E porquê? Porque as cidades estão cada vez mais desumanizadas, já não se vive, mas sobrevive-se! Estas tornaram-se locais de produção e consumo e nada mais onde as relações interpessoais são escassas e praticamente não existem laços sociais. A cultura também quase deixou de existir, é considerada por muitos como algo que se compra e consome. E muito disto devido a quê? À tecnologia que nos trouxe os mass media e com eles a publicidade e a propaganda. Apareceram também as chamadas indústrias culturais que se dedicam à transformação, fabricação e reprodução de produtos e serviços culturais transformados em bens de consumo social. Uns acham que estas indústrias nos conduzem a um consumismo cultural e massificado que vai degradando a verdadeira cultura, pois são movidas por interesses comerciais. São vistas como meios de dominação ideológica e cultural pois têm um grande poder económico. Outros acham que estas vieram melhorar as vidas de todos pois permitem que milhões de pessoas tenham acesso a uma grande diversidade de bens culturais, ainda que sejam apenas para consumir ou por pura diversão.
Mas existirá uma boa alternativa a estas indústrias culturais? Dizer que a animação cultural é uma boa alternativa é um exagero, mas esta pode ter aqui uma actuação, apesar de modesta e limitada.

Bibliografia consultada:
Ander-Egg, Ezequiel (2000). Metodologia y Práctica de la Animacion Sociocultural. Madrid: Editorial CCS.

16 março, 2007

Emergência...



Antes de partirmos para uma análise mais aprofundada em relação à animação sócio cultural importa compreender as condições da sua emergência.
Assim, segundo o texto “Metodología y práctica de la Animación Sociocultural” de Ezequiel Ander- Egg, esta, como é evidente, não surge num dia exacto, é fruto de um processo. Temos sim a indicação de que emergiu nos anos 70 em alguns países industrializados e urbanizados da Europa, particularmente em França, surgindo como o fruto de um conjunto de factores de natureza distinta, entre eles:
- um conjunto de problemas derivados das mudanças sociais que se foram produzindo depois dos anos 50.
- novas ideias e preocupações que surgiram quer entre alguns intelectuais, quer entre militantes sociais: a necessidade de corrigir e atenuar a brecha existente entre diferentes sectores sociais.
A animação tenta assim dar resposta a novos problemas que se fazem sentir, como a marginalidade e exclusão social, entre outros. Paralelamente a estes problemas surge um outro factor que é o aumento do tempo livre. Graças aos avanços tecnológicos, conjugando com a pressão das forças sociais (especialmente as lutas sindicais e reivindicações laborais), aumentou-se a produtividade e consequentemente o tempo livre, crescendo também a preocupação em usá-lo de forma a que este sirva para o crescimento das pessoas e grupos. Como consequência do desenvolvimento da tecnologia comunicacional surgiram também as chamadas “indústrias culturais”.
É também de destacar que a emergência da animação institucionalizada e dos programas de animação apareceram principalmente nas cidades de rápido crescimento, especialmente em cidades onde se manifestam "los malestares de la civilización urbana", estando os primeiros programas de animação preocupados com as consequências que derivam da desestruturação social. Mas, assistimos também a um problema intimamente relaciondo com este aumento de tempo livre, que é o facto de as pessoas não estarem suficientemente preparadas para usar esse tempo de forma proveitosa. Assim, a animação vem lançar um novo e preocupado olhar sobre esta situação. Agora, muito mais do que uma preocupação em fazer com que as pessoas ocupem de forma activa e criativa o seu tempo livre preocupam-se em “ evitar el ócio passivo y alienante”.

Bibliografia consultada:

Ander-Egg, Ezequiel (2000). Metodologia y Práctica de la Animacion Sociocultural. Madrid: Editorial CCS.

Mapas...



Mas porque é que este post se chama “Mapas”? Mas que ideia foi esta de dar este título a um post? perguntam vocês...É muito fácil, precisamente porque vamos explicar aqui o porquê dos nossos próximos posts...Assim o nome “Mapas” foi o que nos pareceu mais indicado pois trata-se de um mapa dos próximos caminhos que vamos trilhar... Espero que nos acompanhem neste "passeio pela Animação” e que todos os contributos que colocamos aqui sejam elucidativos e esclarecedores, e claro que colaborem connosco deixando muitos comentários, ajudando-nos a tornar este blog num local de troca de conhecimentos...
Depois de ler o texto “Metodología Y Práctica de la Animación Sociocultural” de Ezequiel Andre-Egg, sugerido pela professora, iniciamos o nosso caminho tentando perceber o que é afinal a Animação Socioeducativa. Sendo assim, ( apesar da dor de cabeça ao ler e traduzir o texto em espanhol :) ) achamos que este é muito esclarecedor, e forneceu-nos muita informação relevante sobre este assunto. Deste modo os próximos contributos irão incidir sobre este texto...
Esperamos que sejam esclarecedores...
Até breve:)


15 março, 2007

O primeiro passo...



Cá estamos nós para iniciar mais uma caminhada...Mas...desta vez não vamos ao Bom Jesus, vamos trilhar um caminho bem diferente e que para nós é completamente novo. Mas porquê "Caminhos em Animação"? Porque vamos descobrir e caminhar nos meandros da animação.
Esperamos que gostem do nosso Blog e que comentem muito :)
Até breve...