22 março, 2007

Tempo Livre e Animação Sóciocultural


Para que a animação sociocultural se torne uma proposta válida, é necessário que, quem decidir optar por esta forma de intervenção, esteja atento às mudanças que se vão produzindo nas sociedades. Por exemplo, um dos grandes problemas actuais é a “dualidade do mundo do trabalho”: há os que trabalham e os que não trabalham. Aqui a animação cultural poderia actuar, mas com um senão: as pessoas não dispõem de tempo livre propriamente dito, mas sim de tempo em que não trabalham. Também o aumento da produtividade, por um lado proporciona o desenvolvimento de programas culturais pois as pessoas não têm de trabalhar tanto, mas por outro lado esta dispensou mão-de-obra o que origina mais desemprego, as pessoas sentem-se inúteis e não aderem tanto a programas de animação cultural. A animação cultural pode ser uma perspectiva interessante pois pode dinamizar programas óptimos para estas pessoas que têm mais tempo livre do que gostariam. Também em grandes cidades esta pode revelar-se uma boa opção. E porquê? Porque as cidades estão cada vez mais desumanizadas, já não se vive, mas sobrevive-se! Estas tornaram-se locais de produção e consumo e nada mais onde as relações interpessoais são escassas e praticamente não existem laços sociais. A cultura também quase deixou de existir, é considerada por muitos como algo que se compra e consome. E muito disto devido a quê? À tecnologia que nos trouxe os mass media e com eles a publicidade e a propaganda. Apareceram também as chamadas indústrias culturais que se dedicam à transformação, fabricação e reprodução de produtos e serviços culturais transformados em bens de consumo social. Uns acham que estas indústrias nos conduzem a um consumismo cultural e massificado que vai degradando a verdadeira cultura, pois são movidas por interesses comerciais. São vistas como meios de dominação ideológica e cultural pois têm um grande poder económico. Outros acham que estas vieram melhorar as vidas de todos pois permitem que milhões de pessoas tenham acesso a uma grande diversidade de bens culturais, ainda que sejam apenas para consumir ou por pura diversão.
Mas existirá uma boa alternativa a estas indústrias culturais? Dizer que a animação cultural é uma boa alternativa é um exagero, mas esta pode ter aqui uma actuação, apesar de modesta e limitada.

Bibliografia consultada:
Ander-Egg, Ezequiel (2000). Metodologia y Práctica de la Animacion Sociocultural. Madrid: Editorial CCS.

1 comentário:

Clara Coutinho disse...

Post muito bom e muito bem escrito!
Nada a dizer a não ser que gostei muito!